sábado, 26 de outubro de 2013

Nota sobre pagamento do funcionalismo estadual

O Governo do Estado esclarece que, de acordo com informações da Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) baseado nos repasses do Governo Federal, a expectativa é de que 95% dos servidores do funcionalismo estadual terão seus salários depositados até o dia 31 do vigente mês. Para os 5% de servidores restantes, a perspectiva é de que os vencimentos sejam pagos na semana seguinte. Ao todo, o Estado possui cerca de 102 mil servidores. 
Na próxima segunda-feira (28), em entrevista coletiva em horário a ser definido, o secretário de Estado do Planejamento, Obery Rodrigues, irá se pronunciar oficialmente sobre o assunto. 

SINTE/RN divulga esclarecimentos sobre o pagamento do terço de hora-atividade

A direção do SINTE/RN traz a público esclarecimentos sobre o pagamento do 1/3 da hora-atividade:
1) A relação feita para o pagamento do 1/3 de hora atividade foi confeccionada pelo Governo. A direção do Sindicato já requereu por duas vezes, através dos advogados, essas listas, mas Subcoordenadoria de Recursos Humanos da SEEC não as forneceu. A Secretaria de Administração passou a relação em dos 6.300 que foi divulgada no site do SINTE/RN.
2) O pagamento saiu para 5 mil no dia 10 de outubro. Segundo informações da coordenadora Ivonete da Subcoordenadoria de Recursos Humanos. No mês de setembro mais de mil professores/as teriam recebido o pagamento. O Sindicato está recebendo todas as reclamações de quem não recebeu para buscar soluções com o Governo.
3) Quem estava na relação e não recebeu deve entregar no Sindicato uma cópia do contra cheque de setembro, extrato bancário para comprovar que não houve o pagamento e declaração da direção da escola em que atua confirmando o direito.
4) A direção do SINTE/RN continua solicitando a quem tem direito e não recebeu a tomar as seguintes medidas:
·         Providenciar a cópia do contra cheque de setembro e a declaração da escola confirmando o direito. Quem já entregou as declarações anteriormente não precisa trazer novamente;
·         Se você tem carga suplementar e recebeu em setembro a sua carga suplementar e deixou de receber as horas extras da jornada de 30 horas, providencie os mesmos documentos. A direção do SINTE/RN esclarece que quem tem 10 horas da carga suplementar só recebe o extra das 30 horas.

Quem é do Ensino Médio Inovador tem o direito de receber as horas extras. Está sendo levantada uma tese de que, devido às horas de projeto, o profissional não recebe, o que está completamente errado. Todos tem direito. A especificidade do trabalho não retira esse direito.

SINTE/RN adverte Secretaria de Administração sobre lei da letra

Após sucessivas tentativas de fazer com que o projeto de lei da letra seja enviado para a Assembleia Legislativa, a direção do SINTE/RN estuda adotar medidas mais enérgicas

Na sexta-feira (18), depois de constar que nenhum passo foi dado pela assessoria do secretário de Administração para fazer cumprir o acordo assinado pelo Governo, foi dado o ultimado: ou o projeto caminha para aprovação ou a direção do Sindicato vai mobilizar a categoria para realizar ações em resposta a esse descaso. Desde setembro essa questão deveria ter sido encaminhada.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

HOMENAGEM AO DIA DO PROFESSR


Você sabe como surgiu o Dia do Professor?



O Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro. Mas poucos sabem como e quando surgiu este costume no Brasil.
No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Tereza D'Ávila), D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A idéia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.
Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia dedicado ao Professor.
Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como "Caetaninho". O longo período letivo do segundo semestre ia de 01 de junho a 15 de dezembro, com apenas 10 dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a idéia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.
O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. Com os professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a idéia estava lançada, para depois crescer e implantar-se por todo o Brasil.
A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. 
 
Dia do Professor em outros países:
Estados Unidos: National Teacher Day - na terça-feira da primeira semana completa de Maio.
World Teachers' Day - UNESCO e diversos países - 5 de Outubro
Tailândia - 16 de Janeiro
Índia - 5 de Setembro
China - 10 de Setembro
México - 15 de Maio
Taiwan - 28 de Setembro
Argentina - 11 de Setembro
Chile - 16 de Outubro
Uruguai - 22 de setembro
Paraguai - 30 de Abril



segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Aluna de 16 anos é retirada de sala de aula e morta dentro de escola no RN

Uma estudante de 16 anos foi morta por um homem, na manhã desta segunda-feira (7), dentro de uma escola municipal em José da Penha (a 416 km de Natal). O suspeito se matou em seguida. A vítima foi Andressa Fontes.
Segundo informações do sargento William Felix de Andrade, da Polícia Militar, José Marcos Alves, 33, entrou na escola Quatro de Outubro, retirou a estudante da sala de aula, levou-a até o banheiro e a matou. Após atirar na estudante, o suspeito se matou também com um tiro.
Segundo o sargento, a adolescente já tinha procurado por três vezes a delegacia da cidade para denunciar ameaças de Marcos."Ele chegou à escola, chamou-a da sala dizendo que ia entregar um documento. Quando chegou ao banheiro, deu três tiros nela, um deles acertou a mão da jovem, que deve ter tentado de defender. Em seguida ele deu um tiro na cabeça, os dois morreram na hora", disse o sargento.
"Segundo relatos, ele teve uma vida estável com a mãe dela e há uns dois anos eles se separaram. Depois disso, o Marcos andava atrás da Andressa, só que ela não queria. Ele seria ouvido pelo delegado nesta quarta-feira, em uma das queixas que estava com investigação em andamento", afirmou Andrade.
Apesar das ameaças, o sargento afirmou que não havia qualquer medida de proteção à adolescente. "Não tinha porque não era caso de Lei Maria da Penha. O Conselho Tutelar que havia mandado que ela guardasse as mensagens que ele enviou ao celular dela com as ameaças. As investigações estavam em andamento", contou.
Os alunos foram liberados, e os pais foram buscar os filhos. Os moradores da cidade estão chocados com o crime. A Polícia Militar está fazendo o isolamento do local, e agentes da Polícia Civil já iniciaram os trabalhos de investigação.

Políticos indicam 1 em cada 5 diretores de escolas públicas

Um em cada cinco diretores de escolas públicas no país é alçado ao cargo por políticos, segundo levantamento daFolha a partir de dados de um sistema de avaliação do Ministério da Educação.
A proporção equivale a 21,8% do total: de 56.911 diretores das redes estaduais e municipais, 12.413 foram definidos por indicação política, prática condenada por especialistas em educação.
Os dados integram questionário respondido pelos próprios diretores no mais recente Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), de 2011.
A proporção é ainda maior se considerada só a rede municipal --na qual um terço assumiu por interferência de vereadores, deputados, prefeitos e partidos, por exemplo.
O maior índice desse tipo de indicação foi registrado em Santa Catarina, com 62,8%.
Já no Estado de São Paulo as indicações políticas se limitam a 5,2%, conforme as respostas dos diretores. E elas são concentradas nas escolas municipais do interior, já que há exigência de concurso para essa função nas estaduais há mais de uma década.
ROTINA
O número de indicações políticas pelo país pode ser ainda maior, diz Ângelo Ricardo de Souza, da Universidade Federal do Paraná, já que outras indicações definidas pelos diretores como "técnicas" podem ter esse componente.
Os dados do Saeb mostram ainda que 46,9% dos diretores vêm de alguma forma de indicação --escolhidos pela prefeitura ou pelo Estado, incluindo tanto indicações políticas como técnica e outras. E apenas 43,6% chegam aos cargos por seleção ou por eleição. O restante é escolhido de outras formas.
A indicação política afeta a rotina das escolas, segundo associações de professores de seis Estados ouvidas pela reportagem. Os relatos citam escolas divididas por partidos, perseguições políticas, dificuldade para aprovar pedidos e falta de integração com a comunidade.
Escolas onde há diretores indicados por políticos tendem a compartilhar menos decisões com a comunidade, segundo dados tabulados por Souza em parceria com Gabriela Schneider, da UFPR, a pedido da Folha.
Os dados mostram que os diretores definidos por políticos predominam nas escolas onde o conselho escolar, órgão formado por pais, alunos, professores e funcionários, nem sequer existia ou se reunia menos de uma vez por ano.
Os indicados também são maioria entre os gestores escolares que tinham menos --ou até nenhuma-- experiência em educação.
"É o jogo político. O que motiva a indicação de um diretor não é a competência, mas a política de trabalhar para um padrinho", afirma Souza.
No Amapá, onde 45,7% dos diretores vêm de indicações políticas, a diretora Maria das Dores da Silva, 40, da escola estadual Castelo Branco, de Macapá, chegou a ser exonerada por discordar de políticos que tentavam interferir na gestão. "Um deles dizia: Essa escola é minha!", relata Maria das Dores, que só voltou ao cargo após protestos de alunos e professores.
A Secretaria da Educação do Amapá reconhece que as indicações são feitas "pelo governador e por partidos aliados", mas diz que pretende testar um projeto de eleição para diretores em 2014.
Em Santa Catarina, há desentendimentos entre diretores indicados e docentes que se estendem por anos, como no Instituto Estadual de Educação, de Florianópolis, a maior escola pública do Estado, com 5.000 alunos.
Indicado por políticos em 2007, Vendelin Burguezon foi alvo de protestos por semanas e até hoje enfrenta resistências. "Fui convidado, sim, mas não tenho partido político", afirma o diretor.
O presidente da Associação de Pais e Professores do instituto, Elvis de Souza, diz que a chegada de Burguezon foi um "balde de água fria" porque contraria o ideal de eleição, mas afirma que o diretor "tem se esforçado".
O governo Raimundo Colombo (PSD) diz que, a partir de 2015, selecionará candidatos em processo semelhante aos concursos públicos.
Fonte: UOL

Você Sabia? O ENEM serve para obter o diploma do Ensino Médio

O MEC confirmou que as inscrições para a edição de 2013 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão encerradas com mais de 7.200.000  inscritos.  

As provas serão realizadas nos dias 26 e 27 de outubro. O ministro da Educação esperava receber até 6,1 milhões de inscrições, mas até sexta feira já havia 5,2 milhões. Em 2012, 1,5 milhão de inscritos no exame não compareceram.

A taxa de inscrição, de R$ 35 deverá ser paga até 29/05. Como nos anos anteriores, os alunos de escolas públicas ou com renda familiar per capita de até um salário-mínimo e meio não precisam pagar a taxa.

Mas O ENEM tem uma finalidade quase desconhecida pela maioria da população. 
Veja:
Como projeto e finalidade é excelente e tem muitas e variadas atribuições que o tornam único e relevante para o país e para os que dele precisam. 
O Enem serve para: 
1. AVALIAÇÃO
2. VESTIBULAR - SISU e Particulares
3. BOLSAS - PROUNI 
4. FINANCIAMENTO - FIES 
5. EXAME SUPLETIVO 

Essa última é a mais desconhecida das finalidades. 
 O ENEM serve como certificação para o Ensino Médio, como se fosse um exame supletivo. Basta que o aluno tenha 18 anos no dia da prova e obtenha os pontos necessários, que são 450 nas provas objetivas (eram 400 até 2011) e 500 na redação. Nos quatro últimos anos, mais de 2.000.000 candidatos fizeram o Enem com esse objetivo e cerca de 20 % passaram e já estão com seus diplomas do antigo segundo grau na mão. 
Nesse quesito, o Enem se assemelha ao GED americano, que permite que os alunos que abandonaram a high-school concluam fazendo essa prova.

Se por um motivo qualquer, o estudante abandonou os estudos no primeiro, segundo ou terceiro ano ou nem mesmo começou a cursar o Ensino Médio (antigo segundo grau) ele agora tem uma grande oportunidade de recuperar o tempo perdido. Estima-se em mais de 20.000.000 os brasileiros que completaram o ensino fundamental (primeiro grau), mas pararam a de estudar antes de completar o Ensino Médio. 

Essa ultima atribuição se insere no modelo de certificação de conhecimento, tão comum nas áreas de TI, qualidade, línguas e outras (até OAB), em que, não importa onde tenha aprendido, desde que comprove que tenha aquele nível de habilidades, competências e conhecimento.

Mesmo sendo a mais desconhecida das atribuições do ENEM, essa talvez seja a socialmente mais importante e de maior alcance para o país, pois permite a recuperação da evasão e abandono escolar dos últimos anos e dá novo alento àqueles que tinham parado.

ENADE 2013

O próximo Enade vai ser aplicado no dia 24 de novembro. Deverão participar da prova cerca de 200 mil estudantes de 4.916 cursos da área de ciências de saúde e agrárias. Pela primeira vez, a USP participará em caráter experimental do exame, em caráter amostral.
Para evitar boicote dos estudantes, o MEC vai passar a exigir que os alunos que forem submetidos ao exame fiquem pelo menos uma hora na sala de prova durante a aplicação.

MEC reprova 30% dos cursos avaliados em 2012 pelo Enade

Cerca de 30% dos cursos avaliados no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2012 apresentaram resultado insatisfatório, com notas 1 e 2 (de um teto de 5), informou nesta segunda-feira, 07, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O Enade é um teste do governo federal que serve para avaliar redes de ensino, públicas e privadas. A edição de 2012 avaliou 7.228 cursos de 1.646 instituições de ensino superior - participaram 536 mil estudantes concluintes, do penúltimo e último semestre de seus respectivos cursos.

O concurso Miss Bumbum e a bunda para exportação

Lá pelos anos 60, feministas se revoltavam contra o então tradicionalíssimo concurso de Miss. Afinal,as moças eram tratadas como objeto com seus desfiles de maiô e suas polegadas medidas como se elas fossem bichos. Ok. Isso é coisa do passado e as Misses viraram seres ingênuos. Vieram as top models, as modelos anoréxicas e, agora, a nova febre do Brasil, o concurso Miss Bumbum.
A final do evento de 2013 acontece mês que vem em São Paulo, mas as moças concorrentes já ocupam espaço com destaque em homes de portais e jornais por mostrarem a bunda. Simples assim. Quer dizer, não tão simples. A bunda é malhada, trabalhada, siliconizada, sabe-se lá. A imagem das meninas (quer dizer, da bunda delas) em uma partida de futebol-evento pré concurso rodou o Brasil semana passada. Elas posaram com as bundas (enormes) empinadas. E a cara delas? Não importa. E o nome? Também não. Se elas leram o Pequeno Príncipe? Quem quer saber? O produto vendido pelo concurso é claro como o nome da premiação: a bunda.
Cada um faz o que quer com o próprio corpo. Mas não deixa de ser muito bizarro (e triste) ver a bunda sendo usada de novo como cartão postal das meninas e do Brasil. O site do concurso tem versão em todas as línguas que você pode imaginar. E o concurso é noticia em vários jornais do mundo com títulos esquisitos do estilo: “Concurso escolhe o melhor traseiro do Brasil”. O Brasil exporta bunda, lembram? Mas ainda? Esse estereótipo não tinha mudado? Que nada. As mulheres frutas se multiplicaram e deu nisso: um monte de bunda sem nome (nem de fruta) exposta em açougues para todo mundo ver.
O concurso Miss Bumbum é um sucesso tão grande que foi exportado para os EUA. Sim, existe uma versão do concurso em Miami, só com participantes brasileiras que moram no país e jurados ganham cachês milionários para participar do concurso. Pamela Anderson chegou a ser cogitada ano passado para vir ao Brasil só para isso.
Isso tudo acontece na hora em que o Brasil é famoso por ter uma mulher presidenta(escrevo da Alemanha e todas as pessoas que encontrei aqui me perguntaram sobre Dilma Roussef, para os alemães tão poderosa como Angela Merckel) e o número de mulheres empreendedoras é recorde (quase 50%). As moças do Brasil nunca estiveram tanto no comando.
Mesmo assim, continuamos vendendo bunda como se fosse banana. Ver as fotos das moças com suas bundas gigantes pode ser engraçado. Mas será que tem graça mesmo? Nossas bundas estão á venda? Esse ainda é um patrimônio brasileiro? Avança, mundo! As moças do Brasil merecem mais.

Justiça torna Rosalba, governadora do RN inelegível

Além de cassar os mandatos da prefeita de Mossoró, Cláudia Regina (DEM), e do vice-prefeito Wellington Filho (PMDB), a sentença da juíza da 34ª Zona Eleitoral, Ana Clarisse Arruda Pereira, condena a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) a ficar inelegível por oito anos.
A magistrada entende que a chefe do Executivo Estadual praticou “conduta vedada” na campanha eleitoral de 2012, ao utilizar a estrutura do Governo do Estado para favorecer eleitoralmente a aliada Cláudia Regina.

Um exemplo desse favorecimento indevido, segundo a sentença, é o uso do avião do Governo do Estado, que aterrissou em Mossoró 56 vezes em menos de trinta dias, em setembro de 2012, último mês e período mais disputado da campanha.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Governo do Estado anuncia atraso no pagamento de parte dos servidores

O Governo do Estado anunciou, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (26) o novo calendário de pagamento para o mês de setembro. A justificativa é a dificuldade de completar o dinheiro para pagamento da folha deste mês.
No dia 30 de setembro, 92% dos servidores receberão o pagamento, entre eles os que prestam serviço para a Educação, Saúde, Segurança, UERN, Defensoria, Detran, Ipern, Idema e Jucern, independente do valor da remuneração, e os demais que recebem o salário líquido de até R$ 3 mil. Já os 8% restantes, que recebem acima de R$ 3 mil, só serão pagos no dia 10 de outubro.
Durante o encontro, o secretário de Finanças, Obery Rodrigues, de Comunicação, Paulo Araújo, o consultor-geral, José Marcelo Ferreira, o controlador-geral, José Anselmo de Carvalho e o presidente do Ipern, José Marlúcio, apresentaram a receita do Estado e relataram as dificuldades no pagamento. Segundo eles, já está sendo um esforço para normalizar o pagamento a partir de outubro.

RN QUEBRADO: SERVIDORES DO ESTADO TEMEM ATRASO NO PAGAMENTO PROGRAMADO PARA COMEÇAR NESTA SEXTA-FEIRA (27).

A crise financeira enfrentada pelo Rio Grande do Norte tem tirado o sono dos servidores estaduais. Devido às alegações da governadora Rosalba Ciarlini de que o RN vem sofrendo com frustração de receita, a quantidade de especulações sobre a suspensão nos pagamentos da folha de pessoal aumenta vertiginosamente a cada dia. A mais recente dessas especulações dá conta de que o pagamento dos salários de todos os servidores, originalmente programado para esta sexta-feira(27) para os que recebem no primeiro dia, não seria efetivado. Há especulações na imprensa, que o pagamento não será realizado.
O Secretario de Estado da Administração e dos Recursos Humanos, Álber Nóbrega 

foi procurado pelo Jornal de Hoje, para esclarecer o assunto, mas funcionários da pasta afirmaram que o secretário estaria de férias, informação desmentida pela assessoria de comunicação do governo. 
Diversas entidades classistas se pronunciaram sobre essa possível falta de pagamento por parte do Governo do Estado ventilada na manhã de hoje (26). A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/RN), Fátima Cardoso, conta que, caso se confirme, esse atraso não passa de uma manobra da Governadora com o intuito de chantagear emocionalmente a população do Estado. “Rosalba está indo no mesmo caminho de Micarla, ou seja, direto para o buraco. O problema é puramente administrativo. Os recursos têm entrado normalmente, ela é que não tem capacidade para gerir o Rio Grande do Norte. Se até o dinheiro do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] foi depositado, o que ela vai alegar para não honrar os compromissos conosco?”, questiona.
Já Simone Dutra, representante do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde/RN), ameaça paralisação, caso as especulações se confirmem. “Se o pagamento não for feito, a classe vai parar. Temos, inclusive, uma assembleia amanhã, às 9h. O sinal de alerta está ligado”, ameaça Dutra. Já Djair Oliveira, da Polícia Civil – que já está em greve – denuncia a incoerência da atual gestão. “Tudo isso é uma grande estratégia de Rosalba Ciarlini para passar a imagem de que não tem dinheiro, mas nós sabemos que a arrecadação no Estado segue normal. Tem recurso sim, o dinheiro está entrando, o que falta é gestão”, dispara.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Aurora libertária

Um certo anarquismo surge no século XXI e remete ao movimento das primeiras grandes greves operárias
Em pleno século XXI há um ressurgir do anarquismo (não do anarquismo clássico). Valores libertários inspiram a Primavera Árabe, os movimentos dos indignados e as ocupações de espaços públicos e privados.  As críticas se voltam basicamente contra dois alvos: por um lado, a globalização neoliberal, a ganância e a insensibilidade das grandes corporações diante da fome e da miséria de milhões de pessoas. Por outro lado, mas complementarmente, os manifestantes, jovens em sua considerável maioria, criticam e rejeitam sistemas político-partidários e instituições ineficientes, insensíveis às necessidades e demandas populares e muitas vezes repressoras e corruptas. Eles direcionam essa luta na ação direta nas ruas e praças públicas, não para o campo da política institucional. Um dos cartazes presentes nas recentes manifestações do quente “Inverno Brasileiro”, que é “Os partidos não nos representam”, talvez sintetize o tremendo desgaste do sistema político-institucional brasileiro e signifique uma reafirmação dos valores essenciais do anarquismo: liberdade e igualdade, fraternidade e solidariedade.

Socialismo libertário

Para entender melhor  os dias de hoje, retomamos a história do anarquismo. De acordo com Mikhail Bakunin, um dos mais importantes pensadores e militantes da história do anarquismo, “socialismo sem liberdade é tirania e opressão; liberdade sem socialismo é privilégio e injustiça”. Essa frase sintetiza o essencial da teoria e da tradição anarquistas: a crítica radical tanto ao capitalismo quanto ao socialismo autoritário, e a luta permanente pela construção do socialismo sem abrir mão da liberdade, ao contrário, enfatizando a dimensão da autonomia individual. Daí os anarquistas sempre terem se caracterizado – e continuam hoje a se designar – como socialistas libertários.

Embora a luta pela liberdade remeta aos primórdios da história humana, o anarquismo, enquanto movimento social e político, começa a se constituir a partir de meados do século XIX, através de um conjunto de ideias e ações, de livros, periódicos e outras publicações que denunciam as mazelas sociais decorrentes do capitalismo e já esboçam propostas no sentido da construção de uma sociedade alternativa, a partir de valores do Iluminismo e da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade, solidariedade.

Londres, então a maior metrópole capitalista, esfumaçada e populosa, foi descrita pelo poeta inglês Shelley como semelhante ao inferno. Com efeito, a vida do proletariado urbano que vinha se formando com a Revolução Industrial era duríssima: longas jornadas, salários ínfimos, condições de trabalho estafantes e insalubres. Ao longo da primeira metade do século XIX, a indústria e as cidades foram também crescendo e se consolidando em outros países e/ou regiões da Europa. Acompanhando a formação e evolução do capitalismo industrial, vai se evidenciando e agravando a “questão social”. A penúria da nova classe operária, constituída de indivíduos expropriados da possibilidade de produzir de forma autônoma sua subsistência, precisando então se assalariar (se proletarizar) para sobreviver. O “proletário”, etimologicamente, é aquele cuja única riqueza é a sua prole. A propósito, anarquia significa ausência de governo, mas não de ordem ou de organização.

É a partir desse quadro que os trabalhadores urbanos começam a se organizar, a construir uma identidade e uma consciência de classe. Nesse processo, serão inspirados basicamente por duas vertentes do socialismo: o anarquismo e o marxismo.

À medida que se organizam, os operários vão criando associações de classe, sindicatos, fundando e mantendo jornais, revistas, escolas, bibliotecas, grupos de teatro, vão, em suma, construindo uma cultura de classe, uma cultura operária. Na sua luta cotidiana por melhores condições de vida e trabalho, uma reivindicação estratégica surge na Inglaterra e se internacionaliza: a luta pelos “três oitos”: oito horas de trabalho, oito horas de repouso e oito horas de lazer. A origem do dia 1º de maio como Dia Internacional do Trabalho está vinculada a uma greve operária em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886, cuja principal reivindicação era a jornada de oito horas. A repressão será feroz e seis militantes anarquistas presos, julgados e executados, vindo a se tornar os “mártires de Chicago”.

O anarquismo no Brasil

Essa reivindicação chega ao Brasil, na virada do século XIX para o XX, juntamente com milhões de imigrantes europeus, que vêm “fazer a América”. Certamente, não apenas a luta pelos “três oitos” chega ao Brasil. O anarquismo, o socialismo reformista, um pouco depois o comunismo (marxista) chegam ao continente americano na bagagem (intelectual) de milhares desses imigrantes, que vêm aqui em busca de condições de vida e trabalho mais dignas. A origem estrangeira do anarquismo levará setores do patronato e membros do aparelho de Estado a qualificarem o socialismo libertário como uma “planta exótica”, que não se adaptaria ao clima brasileiro. A história logo mostraria que patrões e políticos estavam enganados. A “planta exótica” se desenvolveria com vigor.

No Brasil das primeiras décadas do século XX, os trabalhadores viviam também seu “inferno social”. Homens, mulheres e crianças passavam a maior parte de suas vidas no interior de fábricas insalubres e perigosas. As mulheres recebiam salários menores e eram vítimas frequentes de tentativas de abuso sexual. As crianças também sofriam maus-tratos.

Esse era então o campo fértil para o florescimento não só da “planta exótica” do anarquismo, como também do socialismo reformista e, pouco mais tarde, do comunismo. Deve-se acrescentar a esse quadro o fato de que ainda não haviam sido promulgadas no Brasil leis sociais abrangentes, não existia um direito trabalhista. Para atender aos interesses dos agrários, o Estado Republicano há pouco proclamado vai assumir uma feição federativa e liberal (embora não democrática). De acordo com a ortodoxia liberal, o Estado não deve intervir de forma normativa no mundo do trabalho, sendo então a “questão social” remetida para a órbita mercantil, para o âmbito privado, em suma, para o mercado. Ótimo para os patrões, péssimo para os operários. Já havia no Brasil desemprego estrutural, principalmente a partir da chegada, entre 1890 e 1920, de milhões de imigrantes europeus. 

A luta pelos “três oitos” explode no Brasil em várias greves, sendo as mais importantes a de 1903 no Rio de Janeiro, então capital federal, e a de 1907 em São Paulo. Algumas categorias profissionais conquistam a redução da jornada de trabalho. Das correntes político-ideológicas que se propõem a organizar os trabalhadores urbanos no Brasil da Primeira República o anarcossindicalismo será a que conquistará maior apoio e adesão junto à classe operária. Lideranças e militantes anarquistas estarão presentes nas maiores e mais importantes greves operárias do período, algumas envolvendo dezenas de milhares de trabalhadores, especialmente na conjuntura de 1917 a 1920.

Embora não intervenha juridicamente normatizando o mercado de trabalho, diante de greves operárias o Estado Republicano oligárquico intervém duramente, reprimindo manifestações públicas, comícios, passeatas. Prisões, espancamentos, torturas, assassinatos, invasão e fechamento de sedes de sindicatos e de jornais, deportações. A Lei Adolfo Gordo, regulamentada em 1907, viabiliza a deportação de qualquer estrangeiro cuja atividade comprometa “a ordem pública ou a tranquilidade social”. Centenas de militantes serão deportados para a Europa. Em 1924, o governo Bernardes cria a tristemente famosa Colônia da Clevelândia, no Amapá, para onde serão enviados, muitos deles à morte, milhares de brasileiros e estrangeiros, dentre os quais diversos anarquistas. O Estado brasileiro confirma a visão geral que o anarquismo tem do Estado: um mal desnecessário.

Apesar da dura repressão, as greves operárias do fim dos anos 1910 conseguem trazer a “questão social”, pela primeira vez, para as páginas de destaque da grande imprensa da época. Aos poucos, setores do patronato e membros do aparelho de Estado  vão começando a entender a necessidade de legislar em matéria social, de produzir um direito do trabalho. A década de 1920 será então um período de transição entre a vigência anterior da ortodoxia liberal e a posterior construção, nos anos 30 e 40, do trabalhismo varguista, do sindicalismo corporativista (de inspiração fascista), no qual os sindicatos operários perdem sua autonomia e natureza jurídica privada, sendo paulatinamente incorporados à estrutura pública do Estado. O anarquismo vai aos poucos perdendo, não sem resistência, sua inserção sindical.

A “nova aurora libertária” no período de duas décadas da chamada experiência democrática – do golpe que derruba o Estado Novo em 1945 ao golpe que derruba Goulart em 1964 – se limitará aos debates políticos e intelectuais e à organização de atividades culturais. O anarcossindicalismo não conseguirá recuperar seu espaço junto à classe operária.


Por Carlos Augusto Addor, professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) — publicado na edição 79, de setembro de 2013

O Black Bloc está na rua

Nem grupo nem movimento, essa tática de guerrilha urbana anticapitalista pegou carona nos protestos atuais. Como esse fenômeno pode impactar o Brasil
Com um martelo em punho, uma jovem de rosto coberto vestida de preto tenta destruir um Chevrolet Camaro (de 200 mil reais) em uma concessionária na Avenida Rebouças, São Paulo. Outros trajados da mesma forma, paus e pedras nas mãos, estilhaçam a parede de vidro de uma agência bancária. Uma faixa pede a saída do governador Geraldo Alckmin – o A do nome traz o símbolo de anarquia. Até chegarem as bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo da tropa de choque da PM. Sem movimento social ou partido à frente, o protesto reuniu cerca de 200 jovens, deixou lojas pichadas e 20 detidos na terça 30 de julho. Mas as cenas parecem repetidas, a ecoar os eventos que há meses têm chacoalhado o País.

Desde o princípio das manifestações de rua no dia 6 de junho de 2013 em São Paulo contra o aumento nas passagens de ônibus, muito ficou por ser entendido. Seria a carestia a motivação dos protestos que cruzaram a barreira de 1 milhão de pessoas em todo o Brasil ou o esgotamento do sistema político? E os manifestantes, eram jovens anarquistas sem partido ou seriam necessários novos conceitos para dar conta de tantas vozes? De todas as perguntas, a que mais intrigou o País segue sem resposta clara: em meio ao mar de cabeças e punhos em riste, quem eram e o que queriam aqueles jovens de preto dispostos a destruir bancos e lojas e enfrentar a polícia com as próprias mãos?
Black Bloc foi o termo surgido de forma confusa na imprensa nacional. Seriam jovens anarquistas anticapitalistas e antiglobalização, cujo lema passa por destruir a propriedade de grandes corporações e enfrentar a polícia. Nas capas de jornais e na boca dos âncoras televisivos, eram “a minoria baderneira” em meio a “protestos que começaram pacíficos e ordeiros”. Uma abordagem simplista diante de um fenômeno complexo. Além da ameaça à propriedade e às regras do cotidiano (como atrapalhar o trânsito e a visita oficial do papa), as atuações explicitaram a emergência de uma faceta dos movimentos sociais, de cunho anarquista e autonomista, que vão do Movimento Passe Livre (MPL) e outros coletivos até a face extrema dos encapuzados. Corretos ou não, a tática Black Bloc forçou a discussão sobre o uso da desobediência civil e da ação direta, do questionamento da mobilização pelo próprio sistema representativo. Ignorá-los não resolve a questão: o que faz um jovem se juntar a desconhecidos para atacar o patrimônio de empresas privadas sob risco de apanhar da polícia?

“O que nos motiva é a insatisfação com o sistema político e econômico”, diz Roberto (nome fictício), 26 anos e três Black Blocs na bagagem. Ele não se identifica por razões óbvias: o que faz é ilegal. Roberto já havia ido às ruas contra a alta da tarifa, sem depredar nada. Conheceu a tática e decidiu pelas vias de fato. “Nossa sociedade vive permeada por símbolos. Participar de um Black Bloc é fazer uso deles para quebrar preconceitos, não só do alvo atacado, mas da ideia de vandalismo”, diz. As ações de depredação não seriam violentas por não serem contra pessoas. “Não há violência. Há performance.” Roberto confia em coletivos como o MPL e a Marcha das Vadias. Mas não em partidos políticos. “Não me sinto representado por partidos. Não sou a favor de democracia representativa e, sim, de uma democracia direta.”
Estudar política e quebrar bancos caminham juntos. “Não se trata de depredar pelo simples prazer de quebrar ou pichar coisas, mas de atacar o símbolo representado ali. Quando atacamos uma agência bancária, não somos ingênuos de acreditar que estamos ajudando a falir um banco, mas tornando evidente a insanidade do capitalismo. Política também se faz com as próprias mãos.” Como Roberto, milhares de jovens simpatizam com a causa e o modo de defendê-la. Juntas, as páginas do Black Bloc no Facebook receberam 30 mil “likes”. Novas surgem a cada dia. Páginas fechadas têm centenas de membros. E eles já se encontram fora da internet. Após o protesto em São Paulo no dia 11, participantes fizeram uma reunião espontânea e sem líderes.
 “O Black Bloc no Brasil veio para ficar”, afirma Pablo Ortellado, professor da USP. O pesquisador participou de protestos antiglobalização no começo dos anos 2000, quando o termo apareceu pela primeira vez no País. Hoje estuda a emergência de tais grupos. Para entendê-los, diz, é preciso voltar no tempo. A denominação surgiu na Alemanha nos anos 80, com uma pauta (ecologia radical) e uma função específica: isolar manifestantes e polícia, evitando cassetetes e agitadores infiltrados. Em 1999, manifestaram-se com violência em Seattle (EUA), quando a Organização Mundial do Comércio ali se reuniu. Protestos terminaram com pichações e depredação de empresas como Starbucks. “É quando o anarquismo dominou e o Black Bloc ficou associado ao uso da violência como ação direta, passando a ter caráter mais estético, espetacular, de intervenção urbana.” Por aqui, ambos os momentos ocorreram. “No Brasil, eles cumpriram as duas tarefas”, diz Ortellado. Num primeiro ato, protegeram os manifestantes da repressão policial, tradição alemã. Depois, sobrou o modelo americano, de ataque simbólico a grandes corporações, de espetáculo midiático.
No fim de junho, o País viu o MPL conseguir, na base dos protestos nas ruas, baixar  a tarifa de ônibus Brasil afora. Sem sua organização, os protestos continuaram com bandeiras confusas e reivindicações mais amplas – exatamente a conjuntura na qual os Black Blocs florescem. Se no começo eles tomavam carona em protestos organizados por entidades com pautas claras, pouco a pouco passaram a agir sozinhos. O protesto de terça 30, por exemplo, teve convocação apócrifa. Tais manifestações tendem a ocorrer cada vez mais desse jeito: instantâneas, acéfalas, impossíveis de controlar. Como não são uma organização, mas uma tática condicionada a contextos políticos, os Black Blocs devem surgir com mais frequência. A Copa do Mundo e as Olimpíadas, com seus espaços delimitados, gastos controversos e simbologias fartas, são alvos esperados.
O arcabouço teórico e prático paira na rede. Uma espécie de biblioteca virtual, com links para o “cânone” do Black Bloc, é replicada nas páginas dos seguidores da tática. Há o “Manifesto Black Bloc”, com máximas de caráter político, e o “Manual de Ação Direta”, espécie de treinamento a distância para a ação direita, com as seções: desobediência civil (e temas como “usando escudos”, “apanhando da polícia” e “lidando com animais”); primeiros socorros (além dos itens “gás lacrimogêneo” e “spray de pimenta”, há dicas de como lidar com queimaduras e traumatismos cranianos); e “leis, direitos e segurança” (“sendo preso”, “na delegacia” e “como deve ser a sua mochila” são os tópicos). Uma frase do manual dá o tom: “Lembre que o que eles fazem conosco todos os dias é uma violência, a desobediência violenta é uma reação a isso e, portanto, não é gratuita, como eles tentam fazer parecer”.
O surgimento de um bloco não é centralizado nem permanente. É o encontro de indivíduos com propósitos similares, mas nunca coibidos pela coletividade. “Uma formação temporária, sem identidade, na qual os indivíduos podem nem saber quem é a pessoa ao lado. Por isso é difícil controlá-los”, diz Saul Newman, professor de teoria política da Goldsmiths University, de Londres. Newman cunhou o termo pós-anarquismo para abarcar formas de resposta direta, às vezes radicais, a um Estado que interfere cada vez mais na vida de seus cidadãos. A sociedade estaria subestimando esse potencial político. “Ainda que os Black Blocs representem uma minoria no movimento anarquista, são um importante símbolo da emergência de novas formas de políticas antiautoritárias. Seus rostos cobertos se tornaram a imagem do ativismo radical contemporâneo.”

Entre os manifestantes não ligados ao Black Bloc, duas posturas ganham espaço. Por um lado, certo romantismo idealista alimentado pelas redes sociais. Pois eles agiriam como “linha de frente no enfrentamento com a polícia”, diz um blog anarquista. De outro há uma ojeriza irredutível. Em uma democracia jovem, desacostumada com manifestações difusas, qualquer protesto fora do script é temido. Durante os atos de junho, não faltaram críticas: eles só seriam válidos se pacíficos, por meio da palavra. “Mas como protestar pela palavra se é ela o suporte por meio do qual o Estado de Direito exerce violência?”, indaga o professor de teoria política Nildo Avelino, do Grupo de Estudos e Pesquisas Anarquistas da UFPB. “É preciso criar novas formas de comunicar: o Black Bloc pode ser uma delas.”

Para Avelino, o Black Bloc pode ser visto como a retomada de um tipo de ação praticada pelos anarquistas no século XIX, a propaganda pelo fato, ali para suprir a insuficiência da propaganda oral e escrita quando a prática eleitoral ganhava influência. A razão desse retorno à ação direta adviria da paulatina perda da dignidade imposta pelo capitalismo. O que explica a aceitação dos Black Blocs entre jovens na rede: o fenômeno daria voz a anseios difusos de quebrar a ordem, longe das vias institucionais. Mesma opinião tem o ativista americano John Zerzan, um dos primeiros a defender a tática nos EUA. Em 1999, a mídia associou os protestos de Seattle à sua influência. À época, o centro financeiro da cidade foi destruído. “Não será surpresa ver novas e maiores manifestações do Black Bloc no futuro”, afirma. “Demonstrações pacíficas não alcançam nada. Os protestos de 2003 contra a Guerra do Iraque foram os maiores da história e não conseguiram nada.”

Um veredicto temerário, não só por instaurar o embate físico em detrimento do debate político como regra, mas por alimentar justamente a opressão combatida. Não sendo possível separar ativistas encapuzados de policiais infiltrados e com a expansão da tática, seria possível realizar no futuro ações diretas de massa não violentas, sem embates violentos televisionados e criticados por setores amplos da sociedade? “A proeminência das táticas dos Black Blocs em insurreições recentes ao redor do mundo, inclusive no Brasil, tem alimentado o estereótipo dos anarquistas como destrutivos”, alerta Newman. “A mídia e as elites os demonizam e usam seus confrontos espetaculares para deslegitimar protestos mais amplos.” Um problema mais sério que as depredações.
A discussão não passou ao largo de quem foi às ruas em junho no Brasil, quando bases policiais e bancos foram destruídos em protestos organizados pelo MPL. O coletivo prestou ajuda jurídica a todos os presos nos protestos, independente do crime a eles imputado. Todas as prisões eram políticas e arbitrárias, diziam. “A gente tentava evitar que houvesse treta entre os manifestantes. Tão ruim quanto o que aconteceu na Paulista, quando os militantes de partidos foram atacados, era quando havia desentendimentos entre manifestantes que optam por uma tática ou outra, entre os chamados de pacíficos e os chamados de baderneiros”, diz Caio Martins, do MPL. Movimentos sociais e partidos (do PSTU à CUT), tradicionais portos para insatisfações juvenis nas ruas, mostraram-se contrários à depredação e à tática em geral. Mas, confusa diante dos novos atos, a “esquerda tradicional” evita falar do assunto. Ninguém os defende, com receio de perder apoio de setores mais conservadores, e poucos os criticam, temendo prejudicar a união da chamada voz das ruas.
Fora do País, o mesmo ocorre. Mal os Black Blocs apareceram nos protestos no Cairo, manifestantes passaram a ser presos aleatoriamente sob a acusação de “terrorismo”. O mesmo oportunismo aconteceu com o Occupy Wall Street. Em 2012, o ativista Chris Hedges os descreveu como o câncer que debelou o movimento, até então bem-sucedido em debater a tirania do capitalismo financeiro. O artigo virou um manifesto anti-Black Block. Derrick Jensen, a voz mais crítica contra a tática, concorda. “Sua antipatia contra qualquer forma de organização que iniba sua liberdade de ação faz com que eles tentem destruir até organizações lutando pela revolução social”, diz. Jensen é taxativo: para quem busca alcançar conquistas sociais concretas, a tática é um desserviço. “Atos gratuitos de destruição com espírito de carnaval não vão arranhar o capitalismo”, defende. “É preciso estratégia, objetivos. E certa ética.”

Por Piero Locatelli e Willian Vieira — publicado na edição 79, de setembro de 2013(Carta na escola)

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