quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Uso de Drogas e Adolescência

De acordo com Marques & Cruz (2000), levantamentos epidemiológicos do Brasil e do mundo demonstraram que é na passagem da infância pala a adolescência que o uso de drogas lícitas e ilícitas se inicia. No Brasil, há uma tendência, desde a década de 80, ao aumento do consumo de maconha, inalantes, cocaína e crack, especialmente nas grandes cidades. No entanto, segundo os autores, dados recentes indicaram que o álcool e o tabaco têm sido as drogas mais utilizadas por crianças e adolescentes ao longo da vida e no uso habitual (ou seja, nos últimos 30 dias).
Em 1997, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade Estadual do Rio de janeiro (NEPAD/UERJ) revelou que 77,7% dos estudantes de 1 ' e 2' graus da rede pública da cidade do Rio de janeiro utilizaram álcool ao longo da vida e 19,5%, no último mês. Para o tabaco, os dados revelaram um consumo de 34,9% e de 4,6%, respectivamente.
Em 2000, o Centro Brasileiro de Informações sobre as Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (CEBRIDI UNÍFESP), publicou os resultados de pesquisa desenvolvida com 2.41 1 pessoas de 12-65 anos, de todas as classes sociais: 53% da população estudada experimentou álcool, pelo menos uma vez na vida. A incidência de uso de álcool ao longo da vida mostrou-se especialmente alta entre homens de 12-17 anos (35%) e 18-24 anos (56,5%); o uso de tabaco, na vida, foi relatado por 15,8% dos adolescetntes de 12-17 anos e 32,7% na faixa etária de 18-24 anos (Góes, 2000).
Um dos principais aspectos do uso de drogas na adolescência se refere ao diagnóstico diferencial de outros transtornos que incidem na puberdade como depressão, déficit de atenção/ hiperatividade e comportamento disruptivo. Para o diagnóstico clínico, Marques & Cruz (2000) recomendaram, além da utilização do CID-10, a triagem dos fatores de risco que incluem aspectos culturais, interpessoais, psicológicos e biológicos.
O tratamento do adolescente dependente é complexo e envolve o atendimento especializado por equipe multiprofissional de saúde. Estudos de metanálise indicaram que já foram utilizados, no mundo, mais de 400 tipos de terapia com adolescentes, sob diferentes abordagens, com resultados pouco efetivos. De qualquer forma, o tratamento deve estar estruturado no desenvolvimento integral e no reajuste familiar, social e ambientar do paciente (Marques & Cruz, 2000).
O contato do adolescente com a droga é mais freqüente do que imaginam pais, educadores e profissionais da saúde: ele ocorre nas ruas, nas escolas, entre os amigos. Constitui, atualmente, um sério problema de saúde pública, sem delineamento de políticas educativas e preventivas e com conseqüências individuais e familiares que podem comprometer o futuro do jovem e da sociedade brasileira.
Fonte: Prof Leda Mezzaroba - Farmacêutica-Bioquímica; Mestre em Educação; Docente do Centro de Ciências do Saúde da Universidade Estadual de Londrina(Paraná).

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