segunda-feira, 30 de março de 2009

O Socialismo possível

O ponto central dessas linhas é a minha convicção de que não existe socialismo sem democracia, nem democracia sem socialismo. O que conseguimos até hoje foi o socialismo possível, dentro de um quadro adverso a prática socialista.
Todas as experiências socialistas que o mundo conheceu, tem ocorrido em conjunturas adversas a uma prática plena da teoria socialista. Mesmo na antiga União Soviética, primeiro país a implantar o socialismo, resultado de uma revolução, as condições adversas impediram que o sistema funcionasse plenamente, principalmente no que se refere às liberdades de expressão, de opinião e a liberdade política.
Ocorreram avanços sociais inegáveis na Rússia, o país saiu de uma situação semifeudal, de atraso, de fome e de muita exploração da classe trabalhadora, para, em menos de 30 anos transforma-se em uma das grandes potências do mundo, oferecendo a toda população soviética, acesso a educação, a cultura, ao esporte e ao lazer.

Mas, diante do isolamento da União Soviética (era o único país socialista) a questão que é basilar para o socialismo, as liberdades democráticas, foi relegada a um segundo plano. Tudo em nome da segurança do país e do regime, justificativa essa de certa forma correta. Existia uma guerra contra o socialismo, como ainda hoje existe. Uma guerra violenta e suja. Os sistemas de informação e contra-informação do mundo capitalista funcionavam a todo vapor, financiando os contras, procurando de toda forma desestabilizar o regime soviético e após a segunda grande guerra, os demais regimes socialistas espalhado por diversos continentes.
Diante desse contexto, a prática de limitar as liberdades democráticas, terminou prevalecendo em todos os países socialistas, tanto nos países que se tornaram socialistas, fruto da guerra contra o nazismo (os países do leste europeu) como nos países que implantaram o socialismo resultado de suas revoluções populares, no caso, a China e Cuba. Os países que tentaram a implantação do socialismo com as liberdades democráticas garantidas, foram golpeados pela força da CIA, no caso, o Chile e a Nicarágua, eram governos socialistas eleitos pelo povo, derrubados pela direita golpista com o apoio e o financiamento dos Estados Unidos.
Ignácio Ramonet no seu livro “Fidel Castro, biografia a duas vozes”, editora Boitempo – SP, 2006, na introdução, falando sobre o regime cubano, disse: “Como reação as constantes agressões vindas de fora, o regime cubano preconiza no interior do país a união plena. Mantém o princípio do partido único e tende a punir com severidade as discrepâncias, aplicando a sua maneira o velho lema de Santo Inácio de Loyola: “Em uma fortaleza sitiada, toda dissidência é traição”. Por isso, os relatórios anuais da Anistia Internacional criticam a atitude das autoridades em matéria de liberdade (liberdade de expressão, liberdade de opinião, liberdade políticas)”. Cuba é uma fortaleza sitiada, sofre constantemente ataques dos agentes da CIA e dos seus asseclas cubanos, sem contar que existem emissoras de rádio e televisão ianques transmitindo diariamente para o território cubano uma massiva propaganda contra o socialismo.
A idéia de socialismo, para nos socialistas, é indissociável da idéia de democracia e de humanismo. Na revista Socialismo & Democracia está escrito “Não há nem pode haver verdadeiro socialismo sem democracia, nem verdadeira democracia sem socialismo”. O que temos, hoje, é o socialismo possível, atendendo as necessidades básicas do ser humano. Solidário e internacionalista, lutando pela justiça social e por um mundo de paz e prosperidade, desejando implantar o socialismo na sua forma plena. Lênin já dizia: “O socialismo vitorioso deve necessariamente instaurar uma democracia integral”. O nosso desejo é esse, mas, até hoje não nos foi permitido.

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