segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O que os manifestantes querem

Nos recentes movimentos ocorridos nas últimas semanas, uma pergunta era recorrente: Afinal, o que os manifestantes querem?
No inicio a resposta era simples, eles querem cancelar o aumento nos preços das passagens de ônibus, mas, com a forte repressão ocorrida em São Paulo, outra motivação começou a aparecer – “Contra a violência e a repressão! Pela liberdade de manifestação!”
Mais alguns dias, a motivação se ampliou e os motivos foram aumentando. “Contra tudo que está aí!” – “Contra a PEC 37” – “Contra a corrupção” – “Por mais recursos para a educação e Saúde” -  “Contra os políticos e os partidos” – “Contra o governo” – “Contra a impunidade” – “Punição dos Mensaleiros”, e por aí vai.
Para tentar entender melhor o que estava acontecendo, a empresa Leadpix, por meio do seu braço de pesquisas online - Leadpix Survey,  foi a campo e realizou pesquisa com mais de 5 mil pessoas espalhadas no Brasil e obteve os seguintes resultados para a principal motivação de cada um durante o período de 20 a 25 de maio (apenas uma resposta era aceita):
- Sensação de impunidade, injustiça, corrupção = 34,66%;
- Falta de Investimentos em Educação, Saúde, Segurança e Infraestrutura = 20,46%;
- A Política em geral = 12,80%;
- A PEC 37 = 7,17%;
- O Excesso de impostos = 10,23%; 
- A falta de transparência no uso do dinheiro público = 5,34%; 
- Gastos excessivos com os eventos esportivos = 5,37%;
- O aumento do preço das passagens de ônibus = 1,74%;
- A repressão e violência policial = 1,95%.
- Não tenho opinião: 0,28%

Os resultados falam por si, considerando inexpressiva a participação dos respondentes que não tem uma opinião ou principal motivo. O aumento do preço das passagens e a repressão e violência policial são aqueles que inicialmente seriam (e eram) a principal motivação apontada. Definitivamente não é pelos 20 centavos! Mesmo a PEC 37 (Que até já foi rejeitada pelo Congresso como resultado das manifestações), os Impostos, a Copa e a falta de transparência ficaram com baixos percentuais.
O destaque efetivamente ficou com a “sensação de impunidade, injustiça e corrupção”, secundada pela “falta de investimentos em áreas críticas” e pela “política em geral”. Esses três itens somaram mais de 67% das respostas.
Conclusão: As motivações são várias, mas tem em comum uma falta de objetividade e algumas sensações difusas de “desconforto”. Isso não diminui a importância dos movimentos, antes pelo contrário, quanto mais difusas essas impressões, mais difíceis de serem satisfeitas. O governo, os políticos, os partidos, a imprensa, os estudiosos e analistas tem uma missão e um dever de casa. Traduzir essas sensações de desconforto em ideias, projetos, programas e decisões e coloca-las na mesa para que essa população possa escolher seus caminhos.
Um fato que não pode deixar de ser levado em consideração é a forma como toda essa mobilização se deu. Grande parte através das redes sociais e repercutindo em diversos   sites e blogs da Internet. O que já estava ocorrendo nos mercado de trabalho e educação, chegou ao campo político e, da mesma forma que a sociedade está absorvendo as tecnologias de informação e comunicação (TICs) no seu dia-a-dia, chegou a hora dos governos, políticos e partidos repensarem sua atuação considerando esse fato novo.
Ainda nessa mesma toada, deve ser pensado como as TICs podem ajudar na melhoria das condições de prestação de serviços em educação, saúde e segurança, e também e principalmente na transparência completa de todas as informações que demonstrem como os recursos disponibilizados pela sociedade para os governos estão sendo gastos.
Que esse movimento possa representar um salto na qualidade das informações, ações  e conhecimento trocado entre a população e seus governantes e representantes (isso é Política e Educação com letras maiúsculas!). Aliás, o uso indevido e distorcido destes três pontos pode trazer danos irreparáveis para o futuro da sociedade e para o melhor proveito do regime democrático adotado pelos brasileiros.

Wiliam Kerniski – Diretor Executivo da LeadPix
Paulo Milet – Diretor Geral da Eschola.com e Gestor do canal Educação do Yahoo!

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