quarta-feira, 21 de abril de 2010

Professores da rede pública vão à Colômbia conhecer políticas de promoção da leitura

No dia 16 de agosto, 41 professores de escolas públicas de Natal (RN), Paraty (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) embarcam para Bogotá, na Colômbia, para conhecer as políticas de promoção da leitura daquele país. A Colômbia vem sendo apontada como país vanguarda nessa área na América Latina e seu governo desenvolve ações de intercâmbio sobre promoção da leitura desde 2009 com o Ministério da Cultura do Brasil. A viagem dos professores é promovida pelo Instituto C&A como parte da premiação das unidades educacionais que venceram o concurso Escola de Leitores no ano passado.
O concurso foi uma iniciativa do Instituto C&A, realizada em parceria com secretarias de Educação e instituições sem fins lucrativos da área da promoção da leitura, como o Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), no caso do Rio Grande do Norte, nas quatro cidades. Sua finalidade era mobilizar as comunidades escolares para a implantação, aprimoramento e consolidação de projetos de promoção da leitura e de formação de leitores nas redes públicas de educação e nas comunidades em que essas redes estão inseridas.
Além da viagem à Colômbia, as escolas vencedoras recebem recursos financeiros para a implementação de projetos de leitura e para formação técnica. Um total de R$ 412 mil está sendo investido pelo Instituto C&A em projetos de promoção da leitura nas 22 escolas ganhadoras do concurso (ver relação de escolas abaixo).
A Colômbia tem se destacado no campo das políticas de promoção da leitura desde a década de 1990, com ações como a formação de redes de bibliotecas, bem como a construção e ativação de bibliotecas públicas, comunitárias e escolares de pequeno porte em áreas de vulnerabilidade social. Outra ação importante foi a criação, em 2006, da Política Nacional de Fomento à Leitura.
O trabalho de formação de redes de bibliotecas visa fortalecer os espaços e facilitar o acesso do usuário aos acervos via internet. Ele abrange, por exemplo, a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, gerenciada pela Biblioteca Nacional da Colômbia, e a Rede de Bibliotecas do Banco da República, formada pela biblioteca Luís Ángel Arango e mais de 20 bibliotecas localizadas no interior do país. Nessa rede, o usuário pode consultar via internet o catálogo com cerca de 1 milhão de itens (livros, folder, vídeos, monografias e outros) e solicitar o empréstimo do material que será entregue em sua na residência.
Ainda na seara das redes, destaca-se na Colômbia a Rede Capital de Bibliotecas Públicas, que é composta por quatro bibliotecas de grande porte (cerca de 13 mil metros quadrados de extensão cada), seis intermediárias (de 6 a 10 mil metros quadrados de extensão cada ) e 10 bibliotecas de bairro (cerca de 3 mil metros quadrados de extensão cada). Nessa rede, cada biblioteca é um importante centro cultural e ponto de encontro da comunidade. Pela internet é possível acessar o catálogo das bibliotecas, solicitar empréstimo e consultar publicações na biblioteca virtual. A rede tem um acervo de 250 mil volumes e atende cerca de 200 mil usuários por mês.
A frente de construção e ativação de bibliotecas de pequeno porte em zonas de baixa renda é capitaneada pelo governo federal, pela iniciativa privada e por ONGs como a Associação Colombiana de Leitura e Escrita (Asolectura).
A Política Nacional de Fomento à Leitura está estruturada com base em nove objetivos e estratégias para conquistá-los. Dentre os objetivos estão o combate ao analfabetismo, o fortalecimento das instituições de educação formal para que possam formar leitores, a formação de professores e bibliotecários em promoção da leitura, o desenvolvimento das bibliotecas públicas. O plano trabalha com o horizonte de 2016.
O esforço concentrado da Colômbia em promover a leitura encontra motivações bastante concretas. Uma pesquisa realizada em 2006 para a Câmara Colombiana do Livro revela que a média de livros lidos por habitante/ano naquele país é de 1,6 livro por ano. De acordo com a última edição da pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, em 2008 o brasileiro lia, em média, 4,7 livros por ano. Na França, o índice de leitura por habitante/ano é da ordem de sete livros (2001).
O levantamento realizado na Colômbia em 2006 aponta que o índice de leitura dos cidadãos daquele país caiu em relação a 2000 (2,4 livros lidos por ano). A queda é justificada pela substituição dos livros por outras leituras impressas como jornais e revistas; pelo aumento da leitura de todos os tipos de publicação, inclusive livros na internet; pela migração da elite intelectual do país por causa da violência; pelo alto preço dos livros; e pelo aumento da evasão escolar no país.
Fonte: Agência RN

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