Primeiramente é necessário compreendermos o que é “voto
de cabresto” para buscarmos identificá-lo em nosso cotidiano.
O voto de cabresto tem esse nome para
fazer alusão ao cabresto usado em animais, o qual é um instrumento cujoobjetivo é guiá-los por onde o montador,
geralmente cavaleiros e boiadeiros, desejar. Sob o uso do cabresto o animal
perde sua capacidade de escolher por onde andar. Semelhantemente, o eleitor
pode ser direcionado pelo político por meio de “cabrestos”, os quais são
elementos que o torna praticamente obrigado a fazer o que deseja o político:
votar nele ou em quem ele indicar. Originalmente o voto de cabresto ocorria nas
fazendas, porém vendo os maus políticos que tal pratica os beneficia,
estenderam para as áreas urbanas.
“Encabrestar” o eleitor é o desejo e
uma prática do político que não tem qualidades para ser eleito. “Encabrestar” o
eleitor e torná-lo dependente do político ou em estado de devedor de um favor. Podemos dar vários
exemplos de prática que “encabresta” o eleitor, tais como, oferecer a ele ajuda
financeira em troca de voto ou apoio eleitoral; oferecer emprego em cargo
comissionado em troca de voto e favores, tal qual em um ônibus e ir em um
comício de um candidato apontado pelo político
empregador; arrumar uma ambulância para levar um parente até a capital e
torna-lo “grato” e devedor de retribuição. Há também o voto de cabresto do
religioso, que sente-se obrigado a votar em seu pastor ou irmão de fé. Em todos
esses exemplos o objetivo do político é indicar ao eleitor em quem votar,
mantendo-o fiel, no seu cabresto.
O cabresto muitas vezes vem pela
troca contínua de voto por benefícios pessoais. Esse problema da troca de voto
por favores ou recursos materiais não é um problema originário apenas por parte
dos candidatos. Muitos eleitores tomam a iniciativa de procurar políticos a fim
de vender o seu voto. Por outro lado, muitos políticos lançam a culpa sobre os
eleitores a fim de justificar essa prática que lhes rende votos. A verdade é
que o bom político, o profissional preparado para o cargo pleiteado, deve
orientar os eleitores, mostrando que o assistencialismo e a venda ou troca de
voto é prejudicial a todos, apresentando suas propostas, buscando convence-los
de que é a melhor opção para que o futuro seja melhor e que amanhã esse eleitor
não necessite mais de favores de políticos. Uma das coisas que levam o eleitor
a se comportar desta forma é a falta de perspectiva de melhores governos e a
crença de que se não “aproveitar o momento” nunca ganhará nada
de um político. Infelizmente, em muitos casos, esse cidadão realmente não será
diretamente beneficiado. Mas insisto em dizer que o bom político, saberá
esclarecer que muitas das necessidades do eleitorado são de competência do
poder executivo e se eles escolherem bem seus candidatos, os benefícios serão
maiores do que uma consulta médica ou um saco de cimento.
Um político honesto e sério ao se
deparar com um eleitor necessitado de uma consulta médica, o ensinará o caminho
para obter tal consulta, isso para que não dependa de ajuda de políticos em
outros momentos. Mas a ideia e a prática de muitos é justamente o oposto,
arrumar a consulta para que a cada eleição este, não sabendo o procedimento,
retorne solicitando o “favor”.
O retorno ao político é fundamental para a consolidação do voto de
cabresto. Por isso, a manutenção da pobreza, da falta de acesso aos bens
públicos e a desinformações sine qua non, sendo pontos estratégicos dos maus
políticos.
Por Cristiano Bodart
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