Em março, quando o Ministério da Saúde apresentou previsões sobre o
impacto da pandemia do coronavírus no Brasil para o Ministério da Economia,
servidores próximos do ministro Paulo Guedes teriam minimizado o impacto da
doença e até visto de forma positiva.
Reportagem dos jornalistas Stephen
Eisenhammer e Gabriel Stargardter, da agência Reuters, traçou uma
linha do tempo que mostra como o Brasil se tornou o segundo mais afetado pela
doença no mundo, apesar de ter monitorado a Covid-19 desde o início.
Uma das fontes ouvidas pela matéria foi o epidemiologista Julio Croda,
chefe do departamento de imunização e doenças transmissíveis do Ministério da
Saúde durante a gestão do ex-ministro Henrique Mandetta. Croda revela
bastidores da crise e aponta que a Economia minimizou a doença.
Quando foi apresentar balanços feitos pela Saúde sobre a pandemia, ainda
em março, Croda ouviu de uma figura muito próxima de Paulo Guedes, Solange
Vieira, que o cenário era “bom”.
“É bom que as mortes se concentrem entre os idosos… Isso melhorará nosso
desempenho econômico, pois reduzirá nosso déficit previdenciário”, afirmou a
economista que comanda a Superintendência de Seguros Privados por indicação de
Guedes. Ela foi uma das figuras centrais na Reforma da Previdência e chegou a
ser cotada para presidir o BNDES.
Questionada pela Reuters sobre a afirmação, a Superintendência confirmou
que ela participou de reunião em março a convite de Mandetta para “entender as
projeções do ministério”. Segundo ela, a análise de Vieira aconteceu “sempre
com foco na preservação de vidas”.
Na época, o ministro Paulo Guedes ainda afirmava que a economia do
Brasil poderia crescer “2% ou 2,5%” diante da pandemia.
FONTE: Revista FORUM
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