Nos
recentes movimentos ocorridos nas últimas semanas, uma pergunta era recorrente:
Afinal, o que os manifestantes querem?
No inicio a resposta era simples, eles querem cancelar o aumento
nos preços das passagens de ônibus, mas, com a forte repressão ocorrida em São
Paulo, outra motivação começou a aparecer – “Contra a violência e a repressão!
Pela liberdade de manifestação!”
Mais alguns dias, a motivação se ampliou e os motivos foram
aumentando. “Contra tudo que está aí!” – “Contra a PEC 37” – “Contra a
corrupção” – “Por mais recursos para a educação e Saúde” - “Contra os políticos
e os partidos” – “Contra o governo” – “Contra a impunidade” – “Punição dos
Mensaleiros”, e por aí vai.
Para tentar entender melhor o que estava acontecendo, a empresa
Leadpix, por meio do seu braço de pesquisas online - Leadpix Survey, foi
a campo e realizou pesquisa com mais de 5 mil pessoas espalhadas no Brasil e
obteve os seguintes resultados para a principal motivação de cada um durante o
período de 20 a 25 de maio (apenas uma resposta era aceita):
-
Sensação de impunidade, injustiça, corrupção = 34,66%;
- Falta de Investimentos em Educação, Saúde, Segurança e
Infraestrutura = 20,46%;
- A Política em geral = 12,80%;
- A PEC 37 = 7,17%;
- O Excesso de impostos = 10,23%;
- A falta de transparência no uso do dinheiro público = 5,34%;
- Gastos excessivos com os eventos esportivos = 5,37%;
- O aumento do preço das passagens de ônibus = 1,74%;
- A repressão e violência policial = 1,95%.
- Não tenho opinião: 0,28%
Os resultados falam por si, considerando inexpressiva a
participação dos respondentes que não tem uma opinião ou principal motivo. O
aumento do preço das passagens e a repressão e violência policial são aqueles
que inicialmente seriam (e eram) a principal motivação apontada.
Definitivamente não é pelos 20 centavos! Mesmo a PEC 37 (Que até já foi
rejeitada pelo Congresso como resultado das manifestações), os Impostos, a Copa
e a falta de transparência ficaram com baixos percentuais.
O destaque efetivamente ficou com a “sensação de impunidade,
injustiça e corrupção”, secundada pela “falta de investimentos em áreas
críticas” e pela “política em geral”. Esses três itens somaram mais de 67% das
respostas.
Conclusão: As motivações são várias, mas tem em comum uma falta de
objetividade e algumas sensações difusas de “desconforto”. Isso não diminui a
importância dos movimentos, antes pelo contrário, quanto mais difusas essas
impressões, mais difíceis de serem satisfeitas. O governo, os políticos, os
partidos, a imprensa, os estudiosos e analistas tem uma missão e um dever de
casa. Traduzir essas sensações de desconforto em ideias, projetos, programas e
decisões e coloca-las na mesa para que essa população possa escolher seus
caminhos.
Um fato que não pode deixar de ser levado em consideração é a
forma como toda essa mobilização se deu. Grande parte através das redes sociais
e repercutindo em diversos sites e blogs da Internet. O que já estava
ocorrendo nos mercado de trabalho e educação, chegou ao campo político e, da
mesma forma que a sociedade está absorvendo as tecnologias de informação e
comunicação (TICs) no seu dia-a-dia, chegou a hora dos governos, políticos e
partidos repensarem sua atuação considerando esse fato novo.
Ainda nessa mesma toada, deve ser pensado como as TICs podem
ajudar na melhoria das condições de prestação de serviços em educação, saúde e
segurança, e também e principalmente na transparência completa de todas as
informações que demonstrem como os recursos disponibilizados pela sociedade
para os governos estão sendo gastos.
Que esse movimento possa representar um salto na qualidade das
informações, ações e conhecimento trocado entre a população e seus
governantes e representantes (isso é Política e Educação com letras
maiúsculas!). Aliás, o uso indevido e distorcido destes três pontos pode trazer
danos irreparáveis para o futuro da sociedade e para o melhor proveito do
regime democrático adotado pelos brasileiros.
Wiliam Kerniski – Diretor Executivo da LeadPix
Paulo Milet – Diretor Geral da Eschola.com e Gestor do
canal Educação do Yahoo!
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